VOOS DE SOBRESSALTO
VOOS DE SOBRESSALTO
Nas asas de um condor, miro, do azul,
As terras que me vai retendo a visão,
Enquanto busco as correntes quentes,
Serpenteando por entre colinas e céu.
Foram-me emprestadas, por tempos,
Para que observe o Mundo e do alto,
Nos melhores e nos maus momentos,
Tentando entender as várias frentes,
Acordando, de vez, de alguma ilusão,
Sobrevoando, sereno e de Norte a Sul,
Por entre controvérsias e sobressalto,
Ao que me é respeito e tamanho réu.
Nesses voos, pela infâmia e desgosto,
Sinto meu corpo triste e já sem gosto,
Num afastar do rumo à fiel concórdia,
Neste exposto Universo e de discórdia
Em que todos esgadanham na glória,
Escorraçando o valor da misericórdia;
Estendo as asas, em grito de solidão,
A quantos me clamam compreensão.
Nestes meus lugares e já sem espaço,
Sinto a minha impotência, uma falta,
De quem mais quer, que um abraço.
Regressando ao cume da montanha,
Fixo o meu voo a meu ninho agreste,
Tentando perceber tanta artimanha,
Fitando na distante abóbada celeste
E questiono o que à cabeça me salta...
Entrego os alados membros, cansado
E aguardo o tal apocalipse anunciado...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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