VOAM PARDAIS...
VOAM PARDAIS...
No meu campo voam pardais,
Ternas fêmeas de seus machos,
Saltitando de contentes,
Pulando de árvore em árvore,
Dos mais distantes riachos,
Nos seus voos, tão ardentes,
Merecidas estátuas de mármore,
Nuns quais contornos carnais...
Vêm poisar à minha mão,
Debicando em quanto lhes dou,
Agradecendo, com paixão,
Esta mão, de quem sonhou,
Cantarolando umas cantigas,
Seus chilreares de prazer,
De quais loucuras antigas
E que eu tento devolver...
São os desatinos, que entendo,
Num tempo que vai morrendo,
Que me esfregam suas penas,
Num conforto imaculado,
Em palcos de quantas cenas
E em que fico deslumbrado...
Ai, de quando não devolverem
E não voltando ao meu espaço,
Sem que neste corpo se esmerem,
Tais carícias que lhes faço!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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