VENTOS MEUS
VENTOS MEUS
No baloiçar do vento,
Encalho nos braços do argumento,
Tropeço nos degraus do sofrimento
E amarrado ao cais do esquecimento...
Sigo nas rajadas mais dispersas,
Sacudindo as árvores mais indefesas,
Levantando cinzas e chamas acesas,
Areias viajantes e maltesas,
Mas como parte de tal rajada,
Sem destino e demais acelerada,
Levantando poeiras de qual estrada
E forçando pássaros em debandada...
Baloiço, em movimentos desenfreados,
Por lugares e mundos castrados,
Em revolta e na voz dos desgraçados,
Que morrem à fome e sem telhados.
No baloiçar do vento, como barco a afundar,
Navego, na esperança de algo mudar
E que a qualquer porto venha a dar,
Em rumo do que o vento norte mandar...
E quando meus ventos encontrar,
De tais rajadas, pararei de procurar,
Nada mais querendo, que simplesmente palrar
E escutar, no baloiçar dos ventos a soprar.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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