TRAUMATISMOS
TRAUMATISMOS
Quando recordo, sinto-me forte!...
Tal foi a minha resistência à vida,
Sem fonte de qual traumatismo,
Desde tal recordada tenra idade...
Vivi quanta áspera e pouca sorte,
Aprendendo com gente sabida,
Observei coisas num secretismo
E algumas não deixaram saudade...
Vejo gotas de sangue, pingando,
De quem fugia, descalça e na dor,
Sobre cimento, fresco, de obras,
De quem e mau, como as cobras!...
Ainda hoje e tanto lhe vejo a cor,
Vermelho e da cabeça jorrando...
Recordo as bestas que tal se riam,
Enquanto as suas pernas tremiam
E eu, seis anos, chorava e gritava,
Mas sem que alguém me ouvisse,
Enquanto esta triste cena olhava
E no medo que ela se despedisse,
Deste mundo, sem qual protecção...
Assim sobrevivi, por alguma razão,
Sem traumas, mas corroído no ser,
Por não ter ajudado, no seu sofrer!...
Entretanto, que ambos já partiram,
Tento apagar medos que me firam...
Talvez que, um dia e quando partir,
Ela esteja à minha espera e a sorrir!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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