TORRE DA BABILÓNIA
TORRE DA BABILÓNIA
Tanto o que sei, ou és a torre,
Ou ilusão, meramente babel...
Sei-te, em tal que me ocorre,
Possível edificação no papel.
Nesse canto e mar de areias,
Serás e numa certeza porém,
Sempre algo que tão anseias,
Tal seja por aí, ou mais além.
És o questionável trocadilho,
Em tão indecifrável confusão,
Neste mundo, que é teu filho,
Nalguma busca à exactidão...
Foste a língua emancipada,
Tentativa de chegar ao Céu,
Numa forma estereotipada
E de se lhe dobrar o chapéu.
Tal terra fértil, entre os rios,
Jardins suspensos, Babilónia,
Frondoso verde, de calafrios,
Berço do homem e da glória.
Confronto de história e mitos,
Tamanho culto, rica e miséria,
Nome de algazarra, de gritos,
A arte bíblica e não tão séria.
Prazer e mãe das prostitutas,
Heterónimo do mais devasso,
Palco das mais terríveis lutas,
Reino de pretérito progresso.
Eminente torre de menagem,
À humanidade, em ascensão,
Possível parábola, mensagem
E de nos prender a respiração...
Prenúncio e Sagrada Escritura
E argumento dado aos crentes,
Leitura que ao tempo perdura,
Nos templos de tantas mentes.
Foste arte e, na tua dispersão,
O berço de quantos teus filhos,
Quantas contendas, perdição
E a torre de pináculos sarilhos...
Porém, que sejas cúpula e paz,
À palavra de quem seja crente,
Esmero, força e audácia, capaz
De unir Noé e toda a sua gente...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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