TONS E SONS DO TEMPO
TONS E SONS DO TEMPO
Batem as portas e portadas,
Correndo almas bem vestidas
E empertigadas, encolhidas,
Umas quantas esfarrapadas...
São tempestades e nortadas,
Vindas como em debandadas
E ouvindo-se almas penadas,
Bem sibilantes, bem sopradas...
Protegem-se uns cães e gatos,
Escondem-se as aves, infelizes,
Nadam e contentes, os patos
E mestrando os seus petizes...
Ouvem-se os lobos, lá longe,
Enquanto procuram as tocas,
Misturas na vaca, que muge,
Em sons que dão para trocas...
Voam as folhas, sarapintadas,
Subtis ocres tons, de Outono,
Tais bandeiras desfraldadas
E feitas ao chão, num mono...
Águas alternadas de pingos,
Céleres segundos de pausa,
Dando trevas aos mendigos,
Berços da mais pobre causa...
Sopram tais terríveis ventos
E não escolhendo direcções,
Varrendo uns, em lamentos,
Levando outros em safanões...
Dobram-se as copas ao chão,
Ouvindo-se estalar um tronco,
Não se encontrando a solução
Para tal tempo e tão bronco...
Abençoados estes cobertores,
Que me adornam este corpo,
Num bom tinto e seus odores...
Mal do pobre, sem um trapo!...
Pinto tal amálgama outonal
E ficando na espreita do pior,
Aguarelas e de tom invernal,
De tão frias, num seu melhor...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( francisfotoPROfimagens )
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