TERNAS GOTAS
TERNAS GOTAS
Pingam, pingam, estas gotas,
Neste aproximar de Outono;
De tão humildes que são,
Vão pingando, de mansinho,
Como se melodia de sono,
Por palcos de cada ano...
E em despedida ao Verão.
Pingam, pingam, em carícia,
Apalpando, em tal malícia,
Qualquer corpo e pouco pano...
E desenham telas molhadas,
Levam arte a secos terrenos,
Às mais poeirentas calçadas,
Ou quantos caminhos amenos.
Pingam, suaves, como pranto,
Belas aprendizas de cascatas...
Gotas de amor e seu encanto.
Pingam, arquitectando sonhos,
De quietudes, jardins tamanhos
E que nos deixam pensando,
Quantas vezes a cismar...
Olhando ao longe, nessa calma,
Como se uma voz chamando
E se vale a pena por aqui ficar?...
Pingam e aceleram a nostalgia,
Tais ternas gotas, em despedida,
Enquanto ficamos, dia após dia,
Nesta melancolia, moendo a alma,
Cada qual no seu cantinho
E nalguma ilusão cumprida...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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