TEMPOS DE MELANCOLIA
TEMPOS DE MELANCOLIA
Embala-me este tempo de melancolia,
Outono de maravilhas e raras reflexões,
Árvores e arbustos sacudindo os braços,
Gente esquecendo uns certos cansaços...
A natureza despindo-se em quanto deve,
Chuvas saciando uma terra demais seca,
Ao qual raro animal que a sair se atreve,
Enquanto o homem sonha vindouro dia,
Talvez que perdido a excessivas ilusões
E entre momentos de convidada soneca!...
A mais atrevida passarada vai saltitando,
Pelos campos, de ramo em ramo, piando,
Chapinhando num ou noutro dos charcos,
Alegres, transformando a vida num palco,
Entre penumbras da vegetação, em arcos,
Enquanto a noite se aproxima ao socalco!...
Ah, como é caprichoso tal tempo outonal,
Radiantes cores, ocres e de outras tantas,
Espalhadas na distância e demais divinal,
Folhas, dançando ao compasso do vento,
Ao toque de naturais acordes de plantas
E tentando acertar o mais frágil rebento!...
Assim me vou deixando ir, neste embalar,
Mirando as nuvens que me teimam levar,
Num observar semicerrado do meu olhar,
Ao que a tarde cai e a chuva reclama falar!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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