TANTO LIXO
TANTO LIXO
Temos tanto lixo para reciclar,
Tanta espelunca para arrumar...
Tantos amigos para embalar,
Inimigos de mais para queimar
E perceber o quanto foram lixo.
Temos tantos políticos para incinerar,
Tantos jornalistas para exorcizar,
Tantos exploradores de religiões,
Merecedores de profano enterro,
Isentos de condição, tais as condições
Às chamas que merecem, em cruz de ferro
E carícia da fogueira, beijando o crucifixo.
Temos tanto capitalista a fazer em cinzas,
Como assalariados merecidos a acendalhas,
Ambos mais não merecendo que o adorno
A que há muito procuram num forno.
Temos tanto lixo a juntar à maior lixeira
De que fazemos monte, merecidos eleitos
E armazenados no nosso próprio aterro,
Para o qual fomos varridos e recolhidos...
Diariamente somos tratados como tal,
Sem nos apercebermos do quanto erro
Neste nosso comodismo, na pasmaceira
E no acreditar em tudo o que ouvimos,
Possivelmente a nossa maior lacuna... fatal!
Neste crer, em argumentos bem montados
E por tão bons artistas representados,
Na forma mais subtil, somos enganados!...
Assim, seremos o lixo que entendermos ser,
Enquanto nele adormecermos, agridoce prazer.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )