TAMANHA OBEDIÊNCIA
TAMANHA OBEDIÊNCIA
Tão real é a minha indignação,
Como possível a minha razão...
Vezes, sem conta, penso-me varrido!
... Varrido, por tudo à volta sucedido
E sem sequer poder mexer uma palha,
No meio deste desabafo, como outros,
Palrando aos ventos, como uma gralha
E sem receber resposta que me valha...
Simples investidas em certeira malha,
Em cegos, sem de si nada enxergarem,
Seguindo à mão dos seus cabrestos,
Contentes e felizes, asnos, zurrando,
Obedecendo à voz de algum mando
E aceitando tudo o que lhes derem.
Tolhidos nos mais perfeitos arreios,
Carregando a mais nojenta albarda,
Lá seguem, em fila, dando pinotes,
Enquanto os montam e contentes...
Questiono-me, nos meus anseios,
Se estou louco, ou fora da carroça
E, com este jeito, não façam troça,
Pois minha couraça não é parda,
Como a cor de qualquer burro...
Pelo que penso, falo e não zurro!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )