TAIS MEMÓRIAS
TAIS MEMÓRIAS
Percorro essas minhas memórias,
Naquilo que um dia me adormeceu,
Recordando as quantas histórias,
Contos que já não me adormecem,
Em tanto que já me esqueceu
E nestes vícios que acontecem.
Esqueço quais margens percorridas,
Desde que ínfimo interesse tenham,
São águas passadas, em lagos contidas,
De tempos a tempos largadas ao mar,
Em golfadas de espuma, soltas do ar
E correntes de estuário que as levam...
São ondas perpétuas, que criam insónias,
Águas que não movem moinhos,
Mas que lavam à passagem,
Seguindo para longe, numa miragem
E que só sustentam remoinhos...
São feixes de luz por entre as sombras,
Escala de cinzentos no preto e branco,
São extensões repletas de lombas,
Pés corroídos de qualquer banco;
Perfeitas mentiras, no maior espanto,
Em muitas estórias de mero encanto
E nem sempre as mais idóneas...
Memórias, tantas vezes mal contadas
E que é melhor não relembrar;
Outras tantas vidas mal fadadas,
Que não vale a pena chorar...
Olho essa longínqua paisagem,
Em percorridos caminhos do Sol,
Nesta minha corrente a jusante,
Para descansar, finalmente,
Da mais turbulenta viagem,
Desta vida que foi meu rol...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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