Parvoíce minha, esta peculiar reflexão!... Claro, pois que poucos me darão razão!... Somos a mesma tribo do Universo, Abençoados pelo deus Sol, Filhos do planeta Terra E da abençoada Mãe Natureza, Banhados por qualquer soberbo luar, Embora perdidos neste Cosmos!... Assim, qual a razão de tanto ódio, De tamanhas e proféticas guerras, Por supostos santos, porém, vis feras, Cada qual tentando o seu pódio, Rasgando e separando qual serra, Dividindo os rios E separando os mares, Adorando falsos ídolos de altares, Incendiando o Mundo, Cujo já pouco lhe resta de fecundo E, entretanto, morrendo de fraqueza... Tudo fruto de doentias mentes!?... Estarei numa das minhas loucuras, Profundas confusões de um rol, Sem sequer saber quando parar E longe de quaisquer brios, Reflectindo no que somos, Ou, simplesmente, por meras diabruras!?... Não, tu, culpado e imbecil, não me apontes, Pelo que não te sou irmão... e tal confesso!!...
É tempo de olhar em redor, Num círculo completo de visão!... Parto e acelero, tanto a penantes, Ou sentado num cavalo de ferro E nem que seja em contramão!... Entretanto, afrouxo e estaciono... É um momento de reflexão!... Hoje, olho diferente que dantes, Talvez porque sei mais o que quero, Quantas vezes apetecendo-me dar um berro!... Reconheço o mundo no qual vivo... De loucos, desatinados, de certo fedor, Gente doida e doentia, varrida, Sem qualquer sentimento e perdida, Embora chapinhando em água benta!... Pobre bola colorida, sem destino, Em jogadas feitas sem paixão, Arbitradas pelo apito da corrupção, Aplaudidas por adeptos subservientes, no seu sono, Tais capachos e para qual não sirvo... Eu jogo por passos de rebelião E fornalha de tamanho tempero!... Apetece-me ficar aqui, reflectir... E não sei se continue tal viagem!... Tanto tenho vontade de partir, Como de ficar por qual miragem... A estrada é em frente, embora poeirenta, Com tamanhos buracos a ultrapassar!... Porém, há uma vontade que me aguenta, Cuja, na caminhada, me sustenta, Naquele grito, tal que em mim rebenta... Mas há que aguentar!... Ai, se soubessem aquilo que me tenta E seguir à letra o já tão velho hino!!... É tempo de olhar e acordar, Dar ânimo à revolta e rebentar!!...
Como os demais, nasci criança E qual catraio quero morrer!... A passagem foi-me sentença, Do melhor e algum sofrer!... A natureza foi meu infantário, Onde brinquei tantas vezes, No meu mundo imaginário, Entre sedentários e malteses!... Quero continuar a criança eterna, Como tantas vezes minha mãe dizia, Sonhar, numa desconfiança serena, Vivendo a vida sem azia... Como recordo tais palavras maternas: "Hás-de ser sempre um puto"!... E, para esta criança, serão eternas, Até que a vida me estenda luto!... Sou uma criança na pele de adulto E assim pretendo continuar... Mesmo pela escuridão em que luto E por entre um qualquer azar!... Travo a inocência quanto baste, Tampouco me deixo espezinhar, Da vida escolho a melhor haste, Por caminhos de brincar!... Nasci criança, qual miúdo eterno, Não pretendo alcançar o céu, Preferindo as portas do Inferno, Por quanto o que tenho de réu!... Saúdo o mundo das crianças, Homens e mulheres que o são, Que se libertaram de crenças E bebem um pouco de ilusão!... O mundo foi-me espaço de fantasia, Num jogo de bola colorida E pelo quanto a vida me prometia... Embora criança toda a vida!...
Tenho ciúmes do teu corpo, Das estradas e ruas em que andas, Das areias nas quais te deitas, Dessas águas em cujas te banhas, Das ondas em que te enrolas, De quanto e tanto me deleitas, Desses olhos quentes como chamas, Até mesmo das tuas manhas!... Tenho ciúmes de um qualquer copo, Cujo acaricia esses teus lábios, Por essa tão manhosa boca E que sem vergonha me provoca!... Tenho ciúmes dos teus jeitos sábios, De uma tal riqueza, mas um tanto esmolas... Esmolas, no quanto gostaria de receber E naquela falta de coragem em te dizer!... Tenho ciúmes dessas tuas mantas, Cujas te envolvem em calor... Tenho ciúmes de tudo e de todos, meu amor, Da tua provocação, com a qual me encantas!...