SUPOSTOS LOCAIS DE CULTO
SUPOSTOS LOCAIS DE CULTO
Paro, nessa centenária praça central,
Olhando ao redor e eis que descubro,
Tal modesta igreja, simples e formal,
Em que entro, com todo o meu rubro...
Espanto total... repleta de pecadores!
... Machos que cobiçam as mais curvas,
Fêmeas que espalham os seus odores,
Nas mais decotadas vestes e de viúvas.
Cochicha-se aos quatro cantos da nave,
Espalhando-se sementes de certo ódio,
Comenta-se o fechado a secreta chave,
Mas todos são crentes a suposto pódio.
... Ah, aquela semi-oculta, em escarlate,
Bom retoque, polposos lábios vermelhos,
Escondendo-se na bela luz e efeito mate,
Desafiando adoradores a serem coelhos!...
E aquele outro, na sua sede de vingança
E olhando, de soslaio, aquele seu vizinho,
Que acelera a mente e numa esperança,
De, mesmo ali, soprar e lhe ir ao focinho.
Fico incrédulo e com toda esta imagem,
Não porque seja algo tão desconhecido,
Mas com quanta mentirosa vassalagem
E que certo votado crente anda vestido...
Ouve-se a homilia, com olhos vidrados,
Batendo com a mão no peito e solenes,
À figura de santos e fiéis, arrependidos,
Mas tais desvios por soberbos corpetes...
Deus, na tua justiça, prova a existência,
Levando tal gente para um teu Inferno,
Pois que, por cá, já não existe paciência
E água que lave mentes a tanto veneno!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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