SOU VENTO QUE SOPRA
SOU VENTO QUE SOPRA
Sou como o vento,
Tanto junto, como separo,
Garantindo que não sou sustento,
A quantos criticam o meu reparo!...
Sou a brisa fresca de Verão,
Abençoado ar quente de Inverno,
Marro, como o maior cabrão,
Sempre que vejo um inferno!...
Elevo pó, todas as merdas
E que tal me venham contra,
Até rebolo massas lerdas
E que se dizem de montra...
Pois, como se fossem bolos,
Criando apetite aos gulosos,
Cuja gente cega e tão tolos,
Só olham para os mais vistosos!...
Sou vento, que sopra as velas
E entrando pelas janelas,
Arrefecendo quantas canelas,
Tanto de palácios, sejam celas...
Ou mesmo duras cabeças,
Espalhadas pelo mundo,
Pelas mais escuras travessas
E num sonambulismo profundo!...
Sou vento, criador de tempestades,
Sejam invernosas, ou estivais,
Vento que semeia verdades
E entrando pelos portais!...
O tal vento, cujo não ousa ficar à porta,
Por mais que incompreendido,
Em rajadas, que tudo varre e corta,
Portanto escarnecido...
Excomungado, como as cobras,
Ao voltear de cereais adorado,
Por tal soprar e tais manobras
E nunca se dando por vergado!...
Manuel Nunes Francisco ©®
- Imagem da net -
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