SEM-ABRIGO
SEM-ABRIGO
Ah, nosso desprezado, por ora relembrado amigo,
De quantos bem-falantes... e defunto sem-abrigo!...
Lembramo-nos de ti, –aquando passamos ao lado!–,
Mas, depois, sem um porquê, tornas-te esquecido,
Nesse teu buraco, pouco, –ou nada!–, aquecido,
Recheado de solidão e um tanto regelado!...
Ninguém te enfrenta, buscando o outro passeio,
Como se visto e afastando-se do demónio,
Comentando o quanto és vil, sem remedeio
E, se de tal situação vives, é-te culpa e notório...
–Se felizardo não te encontras, a ti o deves!–
E nunca por culpa desta maldita sociedade,
Que sempre serviste, não em passos leves,
Mas apressados e desencontrados, para nada,
Feito rebanho de quanta demais carneirada,
Ou quão brava e conflituosa vontade...
Mas tal e agora, é algo pouco importando,
Nem tão-pouco tu lhes importas!...
E, assim, vão-te fechando as portas,
Tanto que já não andas a seu mando,
Pois já não os serves e posto à margem,
Como se possuído por doença contagiosa,
Rotulado de escumalha, malandragem,
Pura e simplesmente censurado...
Esses, com telhados de vidro e palácios de cristal,
Certos seguidores da mais devassa seita religiosa,
Não se indagam à razão pelo que és desgraçado,
Ou qual manifesto da situação e levado a tal...
Simplesmente cospem, como sempre fizeram,
Só que de um modo diferente
E se noutro tempo te espezinharam,
Muito menos agora te olharão de frente!...
Nesta frontal cegueira, na invisível realidade,
Assobia-se ao lado, a quanta fuga à verdade!!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.