RUÍDOS E SOMBRAS
RUÍDOS E SOMBRAS
Estes ruídos e sombras, que me perseguem
E tanto exaltadas, saídas e não sei de onde,
Penumbras, em aviso de perigo e urgência,
Pedindo rezas, ou alguma reles penitência,
Mensageiros do Inferno e quem se esconde,
Na ausência de quem, por certo, os travem...
São fantasmas, ogres, bruxas, ou lobisomens,
Que correm ao meu encalço e mui decididos,
Não de beijos, mas a cobranças convencidos,
Árbitros de penhora e sentença dos homens.
São, eles, malfeitores duma podre sociedade,
As artimanhas de tais cobranças, sem sentido
E às quais não ficarei, nem me serei rendido,
Prisioneiro destes infernos e feroz ruindade.
São trotes e galopes, de bestas dos infernos,
Carregados de contas, escritas em cadernos,
Por canetas vermelhas e cor do meu sangue,
De lutas de vencidos e razão que me zangue...
Destapo os ouvidos, removo os escuros óculos
E entro no silêncio, na escuridão destes olhos,
Tento qualquer leitura de tamanhas sombras
E recuso estes ruídos... tais severas manobras.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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