RELÓGIO DA VIDA...
RELÓGIO DA VIDA...
Tic-tac, tique-taque,
Segue o relógio o seu destino,
O pêndulo o seu caminho
E sem voltas que o ataque,
De velho, mas sempre menino,
Corda cheia e de mansinho!...
Quem dera, fosse toc-toque,
Batidas à porta do passado,
Pelo tempo, tão enganado
E quanta vida a reboque!...
Tic-tac, sempre sem parar,
Pra frente, sem pro lado olhar,
Sem qualquer pena do espaço,
Esse tempo, que julgamos alcançar,
Ou acreditando comprar,
Perdendo a corrida que seja,
Em rectas, ou esquinas a dobrar,
Ofegando, no maior cansaço,
Sem que surja mão para ajudar,
Tampouco ao que cada qual deseja!...
Tic-tac, marcham os ponteiros,
Sem que se vendam a dinheiros,
Ao preço que o tempo desdenha
E por maior fortuna que se tenha,
No tempo e por mais espeço,
Pela mais pulsante primavera,
Seja qual o doirado adereço
E que o mesmo buraco espera!...
Tique-taque, soa o toque final,
Toque-toque, bate, na campa, o serviçal,
Sem qualquer luz de castiçal,
Ou de vela, na penumbra do banal!...
Toque-toque!... Podem entrar,
Que ainda sobra espaço por arrumar!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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