PENITÊNCIAS
PENITÊNCIAS
Recolho as pedras da calçada e em que tropeço,
Guardo-as na algibeira, já pesada de outras tais,
Levando-as para casa, sobre as quais adormeço,
Num flagelo e para que esqueça as coisas reais...
Maior é o sofrimento de quem morre na fome,
Sem cama, qualquer mesa, sem eira nem beira
E torcido sobre o podre colchão, em que dorme,
À espera da misericórdia e que não há maneira...
Lá se arrastam, como podem, ou se lhes deixam,
Pois que até mesmo isso e um dia, será proibido,
Como carneiros tosquiados e ao que os esperam.
Das pedras em que durmo e arte que me fazem,
Levanto-me, em pensamentos e de corpo dorido,
Arrastando o olhar e feito surdo ao que maldizem...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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