PASTOR DOS MONTES HERMÍNIOS
PASTOR DOS MONTES HERMÍNIOS
Adormeço... e desperto na serrania,
Serra da Estrela, Montes Hermínios,
Pelas milenares terras de Viriato,
Perdido nos seus ilustres desígnios
E neste meu encontro imediato...
Vejo-me cercado de invasores,
Por estradas feitas e de corredores,
Para que mais fácil a ocupação!
Pelas beiras, altas e baixas, vejo agonia,
Por quanto Norte a Sul desta nação,
Um povo luso, adormecido no espaço,
Num tempo e em que se perdeu
E a que nunca mais se encontrou,
Por caminhos que tanto percorreu,
Noutros que sonhou e se aventurou;
Rosas num jardim e pão no regaço,
Brotadas nesta terra de cansaço
E milagre, por quanto embaraço,
De ilustre história, que não esqueço
E emergentes espinhos, que não mereço...
Oiço a marcha de quem avança
E guerreiros especados, sem esperança,
Num campo de batalha cinzento,
A comando de chefes de pança,
Saboreando cada momento
E como nunca houve lembrança.
Ouvem-se gritos, num faz-de-conta,
Enquanto o inimigo as tendas monta,
Sabendo que vai ficar...
E Viriato, sangue luso, de tão traído,
Neste cerco de desilusão,
Grita a fúria de lutar,
No meio de quanta confusão
E não se dando por vencido...
Mas as hostes são de argila,
Escorregadias e fáceis de moldar,
Colocando-se na melhor fila
E prontas pra debandar!...
Tal pastor, escolheu mal as ovelhas,
Que nem mereceram o pasto,
Sonhou muito, olhando as estrelas
E sobre um país que ficou de rasto...
Não sei se acorde, ou se siga o pesadelo,
Se escute Viriato, chorando tal flagelo!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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