O MEU INFERNO
O MEU INFERNO
Ao contrário de algum suposto,
Não nasci nesse mês por gosto,
Sendo que, no ano, é o primeiro
E tão-pouco num berço de oiro;
Nasci lá bem atrás do sol-posto,
Não em quente mês de Agosto,
Mas num gélido dia de Inverno,
Que demais parecia um inferno.
Amadureci no passar do tempo,
No tropeço da vida, encontrões,
No meio de vigaristas e ladrões.
Sobrevivi a quem me afrontou,
Por escarpas, trilhos duvidosos,
De gente, rebanho de ranhosos,
Mas alcancei... erguido e limpo!
Hoje e chegado, pouco me apraz
O que neste mundo tanto se faz,
Tampouco o que para trás ficou,
Lutas que o tempo nos roubou,
... Pelo que são águas passadas
E, essas, não regam caminhadas.
Gostaria de voltar a ser menino,
Gatinhar, erguer-me da calçada,
Ficar de pé, envolto na esperança
E sedento de ilusões de um nada,
Naqueles sonhos de uma criança,
Que nos são de soberbo alimento,
De toque mágico e chamamento
E alvoraçado final de um destino.
( Manuel Nunes Francisco ©® )