NESSE ADORMECER
NESSE ADORMECER
De estranho, este povo luso
E com vida depois da morte,
Com todo o seu uso e abuso,
Confiante à sua ilustre sorte.
Povo este e tanto de Camões,
Demasiado afastado a Viriato,
Entregue a profundas ilusões,
Triste, pobre, mas tão pacato...
Cresce ao alto, das tuas raízes,
Eleva algum esplendor ao céu,
Afasta-te dessas tuas matizes
E procura-te senhor a teu réu.
Levanta-te desses trambolhões
E em que diariamente rastejas,
Procura outro sentido às razões
E outra vida em que te revejas.
Acorda dessa longínqua letargia,
Desse teu enganador bem-estar,
Descobre outra vida, no dia-a-dia
Em que bem te pensas encontrar.
Percebe, nesse teu sono profundo,
Que no futuro não mais encontrarás
Que um estéril e insensato mundo,
Em que nada terás, tão-pouco serás...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )