MINHAS BATALHAS
MINHAS BATALHAS
Vivo numa constante mudança,
Nalguma diária transformação,
Alinhavando com linhas de esperança...
Tropeço aqui, escorrego além,
Erguendo-me sempre à pressa,
Sem vassalagens a ninguém,
... Tanto seja o ilustre figurão,
Como a pessoa mais confessa.
Estudo no tempo e na razão,
Com mestres da escola da vida,
Mestrados na pior confusão
E sagrada disciplina aprendida...
Vivo guerras, não me esquivo,
Erguendo a espada em punho,
No campo e batalhas que vivo,
Hasteando a bandeira da paz,
Tentando criar outro cunho,
Daquilo que ninguém é capaz...
Lambo as feridas, como um cão,
As chagas que se vão abrindo,
Dou de comida, estendida à mão
E a quantos me a vão pedindo...
Ostento o valor da humanidade,
Com escrúpulos e sem vaidade,
É sangue que me flui nas veias,
Meu orgulho, que não semeias...
Cultivo quanta noção de viver,
Vendo o que mais faz sentido,
Nunca deixando transparecer
Qualquer dor de animal ferido...
São setas e tão envenenadas,
Vindas de todas as direcções,
São veneno, pelas palavras
E que entorpecem multidões.
Vivo, cada dia, em alternância,
Neste e preocupante presente,
Inerte passado, em ignorância
E sem futuro de quanta gente.
Consome-me toda a escuridão,
Dos dias que vão passando,
As almas do mundo, a podridão,
Em que nos vão afogando...
São, estas, as minhas batalhas,
Por campos alagados de feridos,
Por nossa culpa, nossas falhas,
Nos vamos arrastando... mendigos!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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