MARINHEIRO DE BARCO À VELA
MARINHEIRO DE BARCO À VELA
Iço as velas e faço-me ao mar,
Na mais pequena das embarcações,
Procurando o mais perfeito norte,
Mas sem muitas ilusões!...
Navegarei ao sabor da sorte,
Na arte de desenrascar,
Como qualquer bom lusitano
E navegando no seu engano!...
Levo salmoira de Portugal,
Das salinas de Aveiro,
Numa carga infernal,
Carregadas por inteiro...
Assam-me as feridas e entranhas,
Feitas por tantas patranhas
E não vendo norte, onde aporte,
Numa agonia tão forte!...
Marinheiro de barco à vela,
Avançando no destino,
Como farol uma noite bela
E de um luar muito fino...
Desço as velas por areias finas,
Muito abaixo do Equador,
Chorando à noite e às matinas,
Por quanta tamanha dor...
Oiço o clamar das ondas,
Numa fúria tão audaz,
Traçando rotas de sondas,
Nortes que ninguém é capaz!...
Falam-me marinheiros de outrora,
Épicas causas quinhentistas,
Dizendo-me que está na hora...
De mudar correntes e banhistas!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.