MAR DE CHAMAS II
MAR DE CHAMAS II
Choram minhas lágrimas, meus olhos
Que noutros tempos te percorreram,
Campos e serras, que outrora tanto vi
E agora vejo de luto, nessas tuas cinzas;
Pinheirais, essas distâncias em que vivi
E circundavam a escola que me ensinou
Parte daquilo que hoje tão pouco sei...
Mas que recordo esse pó que caminhei,
Calor que senti e nunca me derrubou.
Lembro-me daquele tempo, momentos
Em que, no luto da noite, serras ardiam
Ao longe, vividos infernos de labaredas
Aos meus olhos de criança e inocência...
E, pensando que tudo tinha observado,
Afinal tudo me tinha passado ao lado
E que tal obra dantesca estaria para vir,
Em que, de morte, o Diabo se veio servir...
Que os servos que te serviram de pasto,
Alimentem a tua morte e por arrasto...
E que no reino dos vivos e da esperança,
Se invoque o perdão de tal lembrança
E o futuro seja paz em efervescência...
( Manuel Nunes Francisco ©® )