INVEJA DE UM RIO...
INVEJA DE UM RIO...
Mãe Terra, eu sei de um rio,
Que de outro rio tem inveja,
Das águas que esse rio tem,
E tudo desse rio deseja...
Nesse rio eu não confio,
Na corrente que dele vem!...
Ele é invejoso do mar,
Querendo ter as suas águas,
Essas, em cujas se há-de afogar,
Num desaguar sem tréguas...
Entretanto, vomita num lago,
Transbordando por todo o lado,
Arrasando tudo à sua volta,
Em tamanha fúria à solta,
Águas tais, em que não nado,
Tampouco esse lago galgo,
Por demais lamas que são,
Paradas em tal solidão...
Haja quem lhe faça crer,
Que tanto não é solução
E que o chamem à razão,
Para que não ande a sofrer,
Nessa inveja em que vive
E que deixe de correr,
Pois, que assim não sobrevive,
No pântano em que vai morrer!...
Como este, há tantos rios,
Que nunca chegam a acordar,
Em que as águas são fios,
Naquilo que querem ser,
Sempre na inveja de mais ter...
E que não servem para nadar!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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