GARRAS DE AÇO
GARRAS DE AÇO
Gostava, adorava mesmo, ter garras de aço,
Passando-as pelo rosto de alguns políticos,
Cuspir-lhes na tromba, mais do que já faço
E para os quais não passamos de paralíticos.
Gostava não ter unhas, mas canos de armas,
Por onde passassem balas e em certo ritmo,
Com o restante da populaça a bater palmas,
E amontoando tais vermes e sem qual cimo.
Gostava ter olhos de chama, que matassem,
Cada vez que olhassem em certas direcções,
Fazê-los pagar por quanto que merecessem,
Nesse chafurdar de falsidades e corrupções.
Adorava senti-los nas pontas dos meus pés,
Revestidos por botas e melhores ponteiras,
Perseguindo-os por este canto, de lés a lés
E sacudindo-lhes a roupa das piores poeiras.
Adorava pintar-lhes as trombas de vermelho,
Acertar-lhes, em cheio, no nariz de palhaços,
Rebolando-os, de breve, por sinistro quelho,
Sentir momentos alegres em meus cansaços.
Adorava ser a voz de uma população cansada,
Sonâmbula, acomodada, em crítica silenciosa,
Refilando e mordendo-se, por tão maltratada,
Mas calando-se, em quanta boa-vida e ociosa.
Ah, o quanto eu gostava de possuir umas asas
E poder levantar voo, para os poder sobrevoar,
Em quantas e por minhas mais afrontas causas,
Melhor e quanto mais alto, em cima lhes cagar!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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