FUGA DAS TREVAS SEM QUARTEL
FUGA DAS TREVAS SEM QUARTEL
Um destes dias sentei-me,
Fartei-me de procurar
E esperei...
Mas nada veio ao meu encontro!...
Então compreendi
E, lentamente, levantei-me,
Não valia a pena esperar
E ali nada encontrei...
Nem a paz me poisou nos ombros!...
Nessa desmascarada hora decidi
E parti para outro rumo,
Pelo devasso adentro,
Palmilhando entre assombros,
Sacudi o corpo de conformismos,
Como se fosse pó da pior viagem,
Gritei, bem alto, chamei nomes a todos
E a tudo!...
Desmontei circos e ilusionismos
E afastei-me da criadagem,
Respirei fundo, recuperando bons modos
E só ouvia, fazendo-me de mudo...
Eram pessoas, aos gritos, por entre o fumo,
Naquilo que já pouco restava...
Era o mundo em labaredas
E num ver quem mais dançava...
Pelas direitas, como às esquerdas!...
E riam, em risos de escárnio e orgulho,
Rasgando as acetinadas roupas,
Mostrando o bandulho,
Dando ordens às suas tropas...
Enquanto o mundo ardia
E, nas chamas, tudo se confundia!...
Naquele cais, aprontada tal partida,
Embarquei, assim chegada a minha vez,
Andando e sem sequer olhar para trás...
Aqui e acolá, eram gestos de despedida,
Decisão agridoce, em que cada se desfez...
Porém, urgia fugir a um referido Satanás!...
E a outros, cujos não ouviam os espasmos,
De quantos ardiam, pelos seus marasmos!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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