ESTE MEU EGOÍSMO
ESTE MEU EGOÍSMO
Gosto dos pobres e dos humildes, dos honestos,
De tudo o que de mais genuíno; gosto do vulgo...
Gosto de tudo ao que de mais inferior me julgo,
... Dos pedintes e miseráveis, dos mais confessos,
Daqueles que, de mim, bem mais diferentes são,
Pois são esses que se sobrepõem à minha razão;
De mim, nada me é devido... tanto que me odeio!
Gosto de mim, um tanto, mas só quando durmo!...
Quando acordo, sou o defeito, no pior dos defeitos
E na maior ilusão da perfeição dos meus conceitos;
... Tão horrível é esta minha forma, este meu jeito!
Ai, como eu sei o quanto, ou que nunca fui perfeito,
Embora, acima de tudo, por outro pente me penteio,
Pelo que, nesta imperfeição, sou neblina no fumo!...
E um dia, de madrugada, quando já nada mais tiver,
Saberei dar a razão, não a mim, mas a quem a colher...
Só então, tardiamente, sentirei o agridoce da solidão,
Todo o pesar nesta minha caminhada e de confusão...
( Manuel Nunes Francisco ©® )