ESTA PASSAGEM
ESTA PASSAGEM
Somos os filhos do tempo,
Passageiros deste Universo,
Perdidos neste momento,
Enteados de um advento,
Num mundo tão adverso...
Somos tudo, até o inverso;
Falha de rima num verso.
Somos singela passagem,
Ponte pra outra margem,
Tamanha fuga à confusão,
Em que o destino é ladrão,
Mero sonho de um olimpo.
Correndo, mas tão parados,
Na ilusão de tudo alcançar,
Eis-nos a dormir acordados,
Nesta música e sem dançar,
Num palco de apalermados.
Somos o intelecto charlatão,
Que não mergulha na razão,
Subestimando essa verdade,
Sem qualquer dó, ou piedade...
Somos neurónios queimados.
Ai, errónea, pobre humanidade,
... Tantas guerras, tantos ódios!
… Convencidos nesta vaidade,
Nada vemos, de tão veemente
E, sem acordar dos primórdios,
Narcisistas... tão simplesmente!
( Manuel Nunes Francisco ©® )