ESCURIDÃO NO MEIO DE TANTA LUZ
ESCURIDÃO NO MEIO DE TANTA LUZ
Somos a escuridão no meio de tanta luz,
O matraquear por entre tanto silêncio,
A vida que se faz tarde e demais perdida,
Uma imperdoável nódoa no imaculado.
De tanto querermos ser, já nada somos,
Comparados para aquilo que nascemos,
Perversos destruidores de qualquer vida,
Nada preservando do que nos foi doado,
Senhores de uma Terra em tal renuncio
E que, por arrogância, já nada nos seduz.
Somos os juízes, condenando o planeta,
Agarrados a leis que só ousam destruir,
Explorando o Universo, qual proxeneta
E em que tão-pouco o sabendo seduzir.
Somos a vela necessária, sem fósforos,
Num túnel precipitado nalgum abismo,
Obscuros e irreversíveis desfiladeiros,
Em tracejado e destino do pior cismo.
Somos um templo construído de areia,
Numa qualquer praia, em maré-cheia,
Enquanto se olha ao longe, na demora,
Sem perceber de que já chegou a hora.
Façam-se juízos e cálculos, sem limites,
Sem nunca esquecer a prova dos noves,
Encham as paredes com alguns grafites,
Mas salvem este Universo e suas naves...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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