CUSCOS, ESSA SEITA...
CUSCOS, ESSA SEITA...
Qual cusco que tento, espreito à volta,
O mundo, as pessoas, esses empertigados,
Pelas frestas, portas e quantas janelas,
Quero tudo observar, digamos, cuscar...
Aspiro infiltrar-me na vida alheia,
Ser como tantos outros, verdadeiros cuscos,
Aqueles, cujos cozinham sem panelas,
Sempre em grandiosos cozinhados,
Em lumes atiçados e faúlhas à solta,
Por ementas que hão-de sempre inventar,
Em pratos que só nos provocam diarreia
E mesas postas em dias lusco-fuscos!...
Doutorados em cusquice e pela vida,
Suprema universidade e profissão de futuro,
Em cujo desemprego não haja sequer medo,
Numa forma tão concreta e decidida,
Mostram o mais diverso e abastado diploma,
Verdadeiros artífices na arte de vasculhar,
Espreitando tudo o que seja alheio
E sempre no mais destemido paleio,
Inventando, sem importar no que irá dar,
Somando e acumulando, em cima de soma,
Fazendo e sem pedras, um enorme muro
E destilando águas, vasculhadas do segredo...
Sou cusco, procurando nos vossos inventos
E tentando cuscar esses princípios nojentos!...
Manuel Nunes Francisco ©®
- Imagem da net -
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.