CAMINHADAS
CAMINHADAS
Olho além da distância da colina,
Em olhos de águia, como ninguém,
Procurando, na penumbra, mais além,
Tudo aquilo que não enxergo pelo caminho.
Sigo firme, pé atrás de pé, neste sozinho,
Mas tão junto a ti, que ninguém imagina
Como me sinto confortável nesta caminhada...
Porém, tudo é opaco e sem saber a razão,
Tal a minha cruzada nalguma solidão,
Em que e de longe dou por terminada,
Tanta a esperança do sol-posto além distância.
Mas gera-se a confusão na minha mente,
Sempre que alcanço o topo do tudo ou nada,
Em que tento compreender este latente,
Como se oculto odor duma divina fragrância,
Em jardins do Paraíso, como contos de fada...
E paro, olhando o infinito, louco de fúria,
Sem nada perceber o que para além me ilude,
Muito para lá do que observo ao meu desejo,
Preso no paladar de algum último beijo,
Ou de algo mais, nesse horizonte de luxúria
E em que fazes da estrela que se esconde.
Agora, que estou cansado, descanso neste ermo,
Tanto que atingi o cume da solidão e do inferno,
Longe, no entanto, de conseguir o termo
Para o qual me propus e que, neste meu cerno,
Irei alcançar o limite da bem-aventurança,
Tanto que essa seja a minha última esperança...
Lá longe, ficará a última colina, o desespero,
Enquanto, aqui, terei o limite do que espero...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )