BOCAGE, O POETA
BOCAGE, O POETA
Bocage, poeta das emoções,
De escritas e palavras mordazes,
Pinga-amores, luz de corações,
Frontal, a que houve de audaz,
A que outros não foram capazes
E por esse tempo tão fugaz...
Mestre de quem obra grava,
Pelas mais linhas do corrosivo,
Autêntico poeta e incisivo,
Daqueles que ninguém trava!
Bocage, mártir do pensamento
E sem rodeios no momento,
Em prova dada e concreta,
Das putas, mas não proxeneta,
Tal e que deixou, à sociedade,
Críticas, na suprema verdade...
Bocage, das ruelas e tavernas,
Mundano e quanto bastou,
Senhor dos becos, não das trevas
E rameiras, que tanto amou...
Bocage, amado da burguesia,
Companheiro do vulgo,
Sem medo de qualquer julgo,
Inconveniente aos safados,
Sem papas na língua, ao que dizia,
Mestre dos mal-amados
E pagando áspero por qual deslize,
Até ao amor, no verosímil que importa
E pelo que morreu a suposta Nize,
Para que, à sua vida, soasse a porta.
Digno e senhor de tamanha verve,
A sua pena ainda hoje desliza e ferve,
Ao encontro de outros idílios, epístolas,
Odes, canções, cançonetas e cantatas...
Ai Bocage, como deixas saudade,
Nos versos, saber e frontalidade!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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