AS AVES JÁ NÃO VOAM
AS AVES JÁ NÃO VOAM
As aves, essas já não voam...
Cruelmente agonizam!
Apodrecem nos pantanais
E pelo meio dos canaviais!
Já não cruzam o infinito do céu,
Onde outrora faziam véu...
Hoje são putrefacção na lama,
Nalguma desgraça que chama!
As aves, todos os pássaros,
Já foram asas de tais espaços
E de algum belo azul celeste...
Hoje, só alimentam a peste!
As aves já não se ouvem,
Mesmo no silêncio do homem,
Das sociedades que dormem...
Num grito de que acordem!
As aves já são mero silêncio,
Neste mau agoiro e prenúncio,
Mas o homem, por enquanto, voa...
Não importando a quem doa!
As aves, as que restam, choram,
Lamentam o mundo que receberam
E sem quais culpas no cartório,
Nem julgo ao Purgatório...
Mas os homens serão julgados,
Por estes e demais pecados,
Por qual braseiro superno
E flamejante tribunal do Inferno!
As aves já nem ousam voar...
As que restam são pra matar!...
Não para matar a fome,
Mas enganar quem as consome!...
O homem, não voa, nem sonha
E se sonha é só peçonha...
Não sonha, mas dorme,
Ressona, neste paraíso que se some
E quando alguma vez acordar,
–Só!–, então muito irá estranhar,
Não só pelo que vai encontrar,
Mas porque o silêncio será de gelar!...
As aves, essas já não voarão,
O mundo será tenebrosa solidão
E todos os animais chorarão...
Até o bicho homem, nesta sua prisão!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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