AQUI ME SENTO...
AQUI ME SENTO...
Eis que aqui cheguei e me sento...
Olho, numa densa neblina, o mar,
A longínqua e grisalha paisagem,
Tudo em redor e que é meu olhar,
Sentindo aquela brisa de rebento
E saboreando tal soberba aragem.
Embrulho-me no pipilar das aves,
Que, por sinal, a maioria gaivotas,
Essas, que sobre ondas são vindas
E planando a espuma, como naves,
Combatendo o vento, tanto tortas,
Pois que as forças são desmedidas...
Aterram, num suave voo calculado,
Sobre o granulado da imensa praia,
Pelo prazer e nunca por ar cansado,
Enquanto o bater da maré desmaia...
E eu fico, por bebedeira alucinante,
Mirando alguma pesca no distante.
Ainda agora, a este recanto cheguei...
Não sou nada e tão-pouco ninguém,
Sendo tudo, pela vida a que me dei,
Esta rocha, nalgum cansaço, porém,
Neste silêncio, na busca de certa paz,
Parte da neblina e nesta visita fugaz...
E daqui me elevo, sem qual destino,
Pelo já lusco-fusco de mais um dia,
Enquanto a noite chama como sino,
Cortejando uma anunciada maresia...
E troco passos, um tão devagarinho,
Cujo me reclama a volta do caminho!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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