ÁGUAS QUE VÃO CAINDO II
ÁGUAS QUE VÃO CAINDO II
Sussurra-me, junto aos ouvidos,
Esta chuva, enquanto vai caindo,
Pelo qual caminho em que vou indo,
Alimentando-me a esperança,
Transportando-me a lembrança...
Alimenta-me o vento, que sopra,
Por quantos pensamentos destemidos,
Dando-me forças para continuar,
Na sua mais que perfeita das energias
E clarividência no que há-de atenuar…
Procuram-me as gotas, como lágrimas,
Batendo-me no corpo, como se a porta,
Naquela meiguice que tanto importa
E sem que se encerrem janelas…
A vida é uma fonte de incertezas,
O místico poder de quantas armas,
Com disparos de dissabores,
Esquemas, feitiços de amores,
Em bebedeiras de sonhos e magias,
Pelas mais inimagináveis realezas,
Quantas delas as mais belas…
Assim, oiço os ensinos da chuva,
A mestria e sopro do vento forte,
Outras das vezes quão suave,
Porém, assentando como luva,
Como bússola, Estrela do Norte,
Por voos e asas de arrojada ave…
Os charcos, tento afastar-me deles,
Incertos e de profundas manhas,
Preferindo a distancia das montanhas,
As suas encostas e paridas dos vales,
A neblina que acaricia o cume,
Tépida, mas ardente, como se lume
E sem que alguém a possa apagar…
Que haja chuva, vento, tal nevoeiro,
Mas por quanta esperança no ar
E que o amor nos seja parceiro,
Pelo palco da mais idílica ópera!...
Manuel Nunes Francisco ©®
- Imagem da net -
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.