À LUZ DA CANDEIA
À LUZ DA CANDEIA
Ai, este azeite que escorre
Lentamente da minha almotolia!...
Encheste a candeia de quem morre
E, no acariciar da última batata fria,
Vejo o teu fio, em toda esta escuridão,
Doirado alimento de amor,
Derretido no melhor sabor
E na penumbra da confusão.
Lembro o tempo da tua riqueza,
O tempo que transportas em ti,
Esse orgulho, nessa beleza,
Lembrança dos tempos em que parti...
E já lá vão alguns anos, tantos,
Que já quase me esqueci
E foram tantos os maus momentos,
Mas nem por isso esmoreci...
Pelo contrário, criou-me vida!
Alimentou-me algumas fraquezas,
Oleou-me algumas peças
Nesta incansável corrida.
Assim e agradecido, te recordo
A esta luz da candeia...
Neste teu viscoso e gordo,
Que nesta noite me premeia.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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