Tenho ciúmes do teu corpo, Das estradas e ruas em que andas, Das areias nas quais te deitas, Dessas águas em cujas te banhas, Das ondas em que te enrolas, De quanto e tanto me deleitas, Desses olhos quentes como chamas, Até mesmo das tuas manhas!... Tenho ciúmes de um qualquer copo, Cujo acaricia esses teus lábios, Por essa tão manhosa boca E que sem vergonha me provoca!... Tenho ciúmes dos teus jeitos sábios, De uma tal riqueza, mas um tanto esmolas... Esmolas, no quanto gostaria de receber E naquela falta de coragem em te dizer!... Tenho ciúmes dessas tuas mantas, Cujas te envolvem em calor... Tenho ciúmes de tudo e de todos, meu amor, Da tua provocação, com a qual me encantas!...
O passado já se foi e nunca mais voltará, O presente não me será condescendente, O futuro virá, sem que o chame, de repente E nas dores de cabeça que, até lá, me dará!...
Tudo foi, é e será o tanto aquilo merecido, Ou talvez, de melhor visto, não tanto assim, Pois, quantas vezes, tudo tropeçou em mim, Tanto na escuridão, ou qual dia enegrecido!...
O túnel sempre foi grande e os pavios curtos, A luz, ao fundo, essa apagava-se de repente, Sem compaixão dos tombos, demais abruptos...
Agora, que estou de saída, de pouco interessa!... Relembro as passadas, cujas tenho em mente E sigo nas calmas, olhando à volta, sem pressa!...
Confesso tais amores na minha vida: A pureza do único deus, a Natureza... Quem a meu lado de franca firmeza, –Tanto na alegria, como na tristeza!–, As parceiras duas rodas, por certeza, A fotografia, na sua genuína beleza, A escrita, na mais completa clareza... As paixões da minha vida repartida!...
Todo o tempo fala por si e nada mais, Sendo o relógio como qualquer árvore, Gerando uma diferente e sua semente... Planta-se num determinado passado, Ganha raízes no horizonte ao presente, Esperando a colheita pelo certo futuro!... Dá os seus frutos, quer ruins ou de bons E havendo de os colher na devida altura!... Que nenhum seja por tanto de maduro, Sequer de verde e criando azia demais, Sem sabor, fruta agre por não madura, Tão-pouco de tempo passado e podre... Mas na hora certa, muito mais de nobre E limpo tronco, sem bicho que o devore!...