A mulher é mistério, é segredo, Tesouro, fechado a sete chaves E tanto arma, como brinquedo, Doce e melodioso cantar de aves... É corcel e carrossel de diversão, O descobrir de tantas emoções, Tamanho labirinto de confusão, Uma luz de fundo, ou de ilusões... É quanto aquilo que teimar ser, Tanto de mel, como de vinagre, Vício doce, rebuçado de lamber, Cereja vermelha, ou sabor agre... A mulher é arte, a perfeita viola, Violino, suspiro das suas cordas, Melodia e que por mais consola, Pelas amargas horas que acordas... É arquitectura, o fuste de capitel, Pináculo, é a majestosa catedral, Perfeita escultura de qual cinzel, Tal estátua de jardim em capital... A mulher é a liberdade selvagem, Escolhendo o seu puro domador E não cavalgando só pela viagem... Soltando-se em prados de ardor!...
Chega-se cedo, mesmo que tarde, Aquando damos valor ao trajecto, A vida, por tanto o que ainda arde, Em quanto embalsamado projecto... Chega-se tarde, àquilo de tão cedo, Pelas correrias e em trilhos da vida, Porém, nunca havendo a ter medo, Talvez que a estrada seja comprida... Mais do que aquilo que pensamos, Pelo que o limite já nos foi traçado, Pena que tal só tarde o lembramos E pêndulo do qual nunca alcançado!... O importante, é chegarmos a horas, É termos vivido todos os segundos E minutos, apanhar os dias de caras, Como se pega, a descobrir mundos... Universos, aqueles que somam anos, Nos envelhecem, a quantas alegrias E nós por montes, perfeitos ciganos, Por entre serras, vales e fontes frias!... E nunca se diga que fica a despedida, Pois que só parte quem assim o quer, Na lembrança tão concreta e definida E cedo ou tarde não são horas sequer!...
Não sei se cheguei, nem se estou de partida, Se tenho atacadores para os sapatos da vida, Se possuo fôlego para avançar nesta corrida, Ou se permaneço por aqui e por despedida!?... Se desarrumo a trouxa, ou se atulho as malas, Aquelas que me acompanharam por vassalas, Servindo-me sempre que preciso e sem falas, Ao que a vida nos encosta a tamanhas escalas!?... Nem sei caminhos, cujos me restam para andar, Entre pedras e areias, espalhadas para dificultar, Ao que a vida é madrasta, sem consolo para dar E, seja por que recta final, nem nos ousa escutar!... Só agora aqui cheguei e sem ninguém a esperar, Com as solas de tão rotas, dez dedos a espreitar, Pelo terreno que pisei e de vermelho a sangrar... Agora aqui me encontro, sem sapatos para atar!... Descalço vou continuar, naquilo que nunca tive, Correndo atrás de sonhos e na vida que se vive, Ao que escrevi com a luz, na arte em que estive E sabendo eu morrer noutra que não sobrevive!... Porém, a coragem há tempos que superou a dor, Não importando o rumo das nuvens, nem a cor, Sequer a força com que sopram, num seu rumor, Importando as águas que deitam em esplendor... Regando todas as artes e semeadas ao Universo, Mesmo as minhas, tão comuns e por fraco verso, Sabendo o quanto sou destemido e controverso, Pelo que aqui cheguei, sem qualquer retrocesso!...