Ah, mentalidades insufladas, Num tanto país de insuflados, Um povo de pés-descalços, Neste rectângulo da Europa, Marchando num marcar passo, Pelotão da mais miserável tropa, Já sem força a sacudir as moscas, Tão-pouco qualquer cabresto E o qual lhes tenham amarrado!... Triste povo e ao que destinado!... Não sei se filhos de incesto E de quantas cabeças ocas, Nunca analisando percalços, Mas de orgulhos sustentados, Por quantas vias malfadadas E findas em qualquer fosso!... Gente paupérrima de espírito, Sem quaisquer garras no seu ser, Entregues a um qualquer mito E transeuntes desde o nascer... Ah, gente, de candeia apagada, Adormecidos, em ilusão acordada!...
Ah, esta melancolia que me embala, Estas chuvas e ventos outonais, Maravilhosas folhas e cores ocres, Das árvores que sacodem seus ramos, Coisas, para tanta gente, tão banais, Que me entram no ser, como bala, Pura anestesia para além de dores, Película no que tão pouco somos!... Ah, túneis de ares que me saúdam, Sempre que passam no seu correr E tudo fazendo para me adormecer, Seguindo em frente, para outros lados, Mas naquilo que me fazem esquecer, Ou até lembrar o já pensado esquecido, Aquele longínquo sonho prometido, Notas de sinfonia, que me mudam, Não o pensamento, nem o ser, mas o íntimo, Numa renovada força e que me alimenta, Me sossega, para mais um dia de incertezas, Pelo horizonte e descoberta de novos fados, Em quanto neste mundo, nas suas rudezas, Não que este queira, mas que o homem semeia, Esse mesmo que depois tudo lamenta, Porém, escorrendo lágrimas de crocodilo, No seu cantar, bem escondido, qual grilo, Não entendendo o quanto tem de ínfimo, Distribuindo todo o mal que tem de ideia!... Ah, esta minha melancolia, tão peculiar E cuja tanto, por meu olhar, me faz reflectir, Naquele enorme desejo de partir, Pela viagem que tanto andei a adiar E em quanto de si comigo irá morrer!... Soprem ventos, que eu oiça tempestades E tais me sacudam estes pensamentos, Águas que os lavem e tragam outros E se tornem em alegrias os lamentos, Enquanto cemitérios se encham de mentiras E as lápides sejam feitas de verdades!... Que se vejam relâmpagos de doirada luz, Enquanto os trovões se tornem sinfonias E se vejam asas de boa-nova, Ao que se animem os nossos negros dias E cujos, de tal, já são tão poucos, Pois que tanto mais são os loucos, Em quanto demais sua prova, Pelas tempestades e fontes de asneiras... Que as nuvens outonais sejam pombas, Esvoaçando pelos mais distantes astros, Seja por planícies, ou acentuadas lombas, Mas nunca por túneis de em contraluz!...
Velejo pelo Universo infinto, Em infindas ondas de amarguras, Por ventos que tanto finto, Entre procuras e infinitas loucuras... Construo castelos de areia, Naquela falta de pedras, Com muralhas a desmoronar, Prisioneiro de tantas ideias, Em lutas de volta e meia, Sangue quente pelas veias, Em viagem de tantas esperas E sem espaço para estacionar... Quantas rajadas de encontro, Surgidas aos quatro ventos, Mesmo que evite o confronto, Desafiando e sempre pronto, Fugindo de lamas e conventos, Sopros de qualquer monstro!... Iço as velas, a próprios braços, À esperança da melhor viagem, Pela espuma de certas nuvens, Seguindo astros ainda jovens... No horizonte aguardo abraços, Acelerando por esta vadiagem E, já que não possua mais nada, Que tenha o meu Universo, A escada, assim a qual estrada, Cujas não confesso num verso!...
"O SONHO QUE muitos não vão entender: Ter uma mota é um sonho pessoal. Um dia quando eu estiver muito velho e já não puder andar, será na minha garagem, nas minhas fotos ou em casa que ficarão as minhas memórias. Conheci pessoas que me ensinaram algo e que têm o mesmo espírito e conheci outras que fiquei feliz por ter esquecido. Molhei-me... Tive frio... Tive calor... Tive medo... Caí e levantei-me Até me magoei. Mas também, eu ri dentro do capacete, uma sensação única que ninguém mais sentiu! Já falei muitas vezes sozinho. Conheci lugares maravilhosos e tive experiências inesquecíveis. Já parei mil vezes para ver uma paisagem. Falei com estranhos e esqueci as pessoas que vejo todos os dias. Sempre pensei como é perigoso, saber que o significado da coragem é seguir em frente mesmo quando sinto medo, mas sempre o controlei. Cada vez que ando numa mota penso em como ela é maravilhosa. Parei de falar com quem não entende (eles não entendem) e aprendi por meio de gestos a comunicar com outros entusiastas como eu. Gastei dinheiro que não tinha, abrindo mão de um monte de coisas, mas tudo isso vale a pena por um momento numa mota. Não é um meio de transporte nem um pedaço de ferro com rodas, é a parte perdida da minha alma e da minha mente. E quando alguém me diz: "tens que vender a moto“ ou "tens que ser uma pessoa mais séria"... eu não respondo. Eu apenas balanço a cabeça e sorrio. Ficar longe de tudo na mota... Só quem ama pode entender. Deus abençoe os meus amigos e os seus brinquedos crescidos! - Autor desconhecido -"
SEM PALAVRAS EXTRAS, NAQUILO EM QUE FICOU TUDO DITO... SOMENTE PALMAS, BEIJANDO ESTE TEXTO EXCELENTE!! QUEM ENTENDE, ENTENDE, QUEM NÃO ENTENDE, É PORQUE NÃO CONHECE TAL ADRENALINA E LIBERDADE!...👏🤝🏍👍
Nas Colectâneas, os 2 tomos da obra estão divididos da seguinte forma: No 1.º encontram-se os trabalhos literários dos/as Autores/as cujo primeiro nome começa de A a J. No 2.º encontram-se os trabalhos literários dos/as Autores/as cujo primeiro nome começa de J a Z. Se tiver dúvidas sobre em qual dos volumes se encontra o trabalho literário do Autor, não hesite em contactar a Chiado Books... OBRIGADO e BOA leitura!
Sou senhor de mim próprio, Sem que alguém arreios me ponha, Por esta vida e seu cardápio, Com fundo negro-azeitona, Num imenso relatório, Em tudo quanto exponha, Ou que mais tarde venha à tona!... Penso, vejo, falo e tanto escuto, Nunca vendendo o meu pio, Sempre de mim soberano, Decidindo por consoante à volta, Talvez por mestria de decano, Não precisando de escolta, Por tanto ao que faço luto, Agreste de quanto baste, Resoluto no que eu afaste, No mais sincero pragmatismo, Não à procura de louros, Nem afrontas de heroísmo... Sou rei e escravo deste mundo, Em tudo o que nasceu comigo E de qual nada levando, Por mais que tenha tesouros, Escondidos, no mais profundo... Só me interessa aquilo que bebo, Ou a água em que me vou lavando, Libertando-me de certo sebo E ter à volta de quem puro amigo!...
Ah, eu sei o subterfúgio de divo, Porém, ser diva é tanto celestial!... Diva, é isso mesmo, é a dita diva, Enquanto o restante são ilusões E por muito que o homem tente!... Diva, é fogo que arde e faz arder, Chama que queima e sem se ver, Luz que ilumina, de tão iluminada, Equídeo à solta, tal sela desejada, Orgasmos feitos na nossa mente, Noitadas e sonhos de confusões... Por mais que qualquer divo viva, Sequer saberá o doce do divinal, Da diva e esplendor de tão vivo, Em algo para além da explicação!... Diva é altar e não pede devoção, Pois que ultrapassa tudo o mais, É caminho, feito de quanto seu, Auréola, feitiço do qual nasceu, Lua divina, de desejos matinais!... Divas são mulheres, tais desejos, Sofreguidão de amor e de beijos!...
Todos nós sustentamos sonhos, De nascidos, em lá bem no alto, Entre os cumes mais medonhos, Nalgum nascente e de certo rio, Essas águas, deslizantes ao mar E seja de Inverno, ou pelo Estio, Sempre na força desse deslizar, Quantas vezes pelo tão incauto E presos, no fundo do seu leito, Pela agonia de nunca desaguar, Naquele, ou qualquer desfeito!... Tal, de meu sonho, é o mundo E naquela ânsia de o encontrar, A quem, há muito enamorado, Sonho de tão belo e profundo E de quão menos encontrado!... Um dia irei alcançar o destino, Sonhos reais, de certo menino E desse rio que me viu nascer... Sonhos, que todos nós temos E quais a ninguém vendemos... Sonhos, mesmo ao escurecer!...