Tenho um contrato com o pensamento, De meu preciso seguir, Não que não oiça outro vento, Que ao ouvido me venha zumbir... Não quero morrer de lamento, De outros por mim terem pensado, Tudo isso é esquecimento E em terreno por mim lavrado... Colho frutos de outras árvores, Bebo águas de quantos nascentes, Pelos quais não sou favores, Nem cabelo para outros pentes... Ao meu pensamento faço juras, Jurando tudo respeitar, As vossas doenças e minhas curas, Por chamas de meu crepitar... Não corro atrás do vento, Tampouco me seco na poeira, Deixo-me andar ao relento, Em sonos dormidos na eira... O meu pensamento é singular, Servido nalgum plural, Por um mundo demais angular E chumbado na prova oral... Pois que a escrita foi esquecida, Na simbiose da ganância, Na loucura que nos é defendida, Em pensamentos da ignorância... Assim sendo, assino o meu contrato, Reconhecido no louco que sou, Sem que nada tenha de abstracto, Agradecido a quem mais o assinou!...
Esta manhã, acordei sobressaltado, Suado, num enorme pesadelo... O mundo tinha paz global E eu já não estou habituado!... Talvez que por meu desmazelo, Ou que tudo esteja cabal!... Sonhei a morte de quantos parasitas, Usurários, corruptos e proxenetas, Políticos a ferro e fogo, Falcões de armas em sangue, Mortos pelas próprias metralhas, Naquela sentença de meu rogo, Estampado em rosto exangue, Num universo de quantas falhas!... Hoje, foi uma noite sem perdão, Sono perdido, na maior exaustão... Pensamentos de extensa escuridão, Num negro poço de combustão!...