Somos alguém no apertado tostão, Famintos, única moeda na algibeira E quem não a usa para comprar pão, Contudo briol, para viver na ilusão, Numa já tão prolongada bebedeira E ai de quem nos pretenda à razão!... Marchamos pelas pedras da calçada, Descalços, mas saltitando contentes E sem que nos agarraremos a nada, Pois que os lados são tão vertentes, Abismos, marcadas guias de cegos E prisioneiros de uns quantos egos!... Por tal ilusão vamos sobrevivendo, Batendo palmas à acolhida desgraça, Pela qual os espertos vão colhendo E sorrindo, numa conspirada falaça... Assim, de amansados não passamos, Lambendo risos, a quem nos damos!...
As elites são dos grupos mais reles, Sabujos, medo de perder privilégios, No baloiço do circo em que andam, Cordeiros, escondendo lobos e peles, Defensores de ostentados egrégios E acudindo sempre que os mandam... As elites não deixam de ser uma praga, Ervas daninhas, entre crescer do trigo E pelos áridos campos da imensidão... Cortes de adaga, ao sabor de quem paga, Entre qual desgraçado, fúnebre castigo E sem questionar a quem a razão dão!... As elites são perfeitas manipuladoras, Subindo na vida, à custa de quantos, Amigos, familiares e de abertos dentes, Pois que a escala são sorrisos de horas, Numa falsa representação de prantos E só sobrevivendo os mais sorridentes!... As elites alimentam-se dos mais inaptos, Reais víboras, sugando tudo à sua volta E deslizando por todo o areal que é seu... Deserto, qual Universo de mentecaptos, Beijando predadores e bailando à solta, Entre mansos rebanhos e para nojo meu!...
Um dia, perguntei ao Diabo, se me recebia para afilhado... Ao que este respondeu estar saturado de problemas!... Então, bati aos portões de Deus, Sendo Sua enorme surpresa!... Para que quereria, por que carga de água, este abandonado E transportando demasiados dilemas!?... Deus estaria farto de esquemas, mesmo que não meus E borrifando-se para peculiares choros, já de cheia a represa!... Dei meia-volta ao cavalo, ao carrego e à chave, Deitando-a fora e voltando ao ponto de partida, Para melhor pensar no assunto E naquilo que um tanto andava a fazer, Antes que surgisse tamanho entrave, Sem qualquer conseguida saída, Pelo que me tornasse defunto, Em corridas de um mínimo lazer!... A Deus e ao Diabo perguntei, Tudo o quanto queria saber... Porém, nada me foi respondido E por mais que tenha tentado!... Desde aí, um único raciocínio plantei E do qual eternamente irei beber, Que o desgraçado está sempre fodido E, por muito que faça, escorraçado!...