ESTE ANO NOVO...
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TEMPO QUE PASSA...
O tempo corre, galopa, sempre apressado
E nós no mesmo passo ultrapassado...
Seguimos num repetido passeio,
Calçada da vida e sonhos de anseio!...
Tropeção aqui, tombos um pouco além
E lá continuamos, crentes, neste aquém...
Repetimos uns já sonhos antigos,
Relembrando uns ausentes amigos!...
Paramos, aquando assim de tal
E reflectimos, tanto e o mais banal...
Porém, caminhos que nos marcaram,
Aqueles que só a nós tanto falaram!...
No entanto, pouco, ou nada, os ouvimos
E cujos eram mestres de distâncias e mimos...
Mas que hoje ainda nos ensinam
E que por novos atalhos se assinam!...
O tempo desliza, sem que o possamos agarrar
E feito poeira, enquanto nos escapa, sem parar...
Neste percurso nos cansamos,
Numa tentativa de quanto ansiamos!...
No final do trilho anual a carruagem segue
E nós sem braços e mãos ao que a pegue...
Ela avança, levando o relógio da viagem,
Enquanto ficamos apeados, olhando a miragem!...
De sapatos gastos e pernas cansadas, sentados
E lendo repetido horário de tempos passados...
Aguardando uma promissora passagem,
Num sonho de distante e nova paisagem!...
Manuel Nunes Francisco ©®
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
QUERIA SER TUDO
Hoje queria ser tudo, ter tudo ao meu alcance,
Ser prosa, poesia, cinema, teatro, romance,
Ter, no singular da vida, o doce plural das coisas.
Queria-te a meu lado, mesmo que sem te ver,
Neste vagaroso andar, percurso em sol-poente,
Sentir-te a cada passo, mesmo longe e sem te ter,
Pois que te vou deixando em luz de sol-nascente.
Hoje, queria ser tudo, ser fénix de outras vidas,
Marialva, toureiro, forcado, imponente campino,
Vencer, em arena da vida, dura pega meu destino.
Hoje, queria ser tudo,... mesmo não sendo nada,
Queria ser profeta, anjo, Deus, alma destinada,
Queria ser ciência, literato, engenheiro, doutor,
Ser advogado, professor, aviador, poeta, sonhador,
Queria dizer tudo, repetir tanta coisa já falada,
... Queria ser simplesmente teu, minha amada.
Manuel Nunes Francisco ©®
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
CÃO QUE NOS MORDE A MÃO
Cão, a quem tenha dado de comer
E me tente morder a mão,
Nunca terá tempo a se arrepender
E deixará de ser cão!...
Não suporto amostra de dentes,
Por entre falsos sorrisos,
Essas mentes, demais dementes,
Por montes de submissos!...
Corro com quantos sejam falsos,
Mesmo tais morrendo à fome,
Num quão e tanto me desejam...
Não quero aumentar os mansos,
Seja quem e na merda dorme,
A sua, da qual tanto despejam!...
Manuel Nunes Francisco ©®
- Imagem da net -
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TEMPOS DE MELANCOLIA
Embala-me este tempo de melancolia,
Outono de maravilhas e raras reflexões,
Árvores e arbustos sacudindo os braços,
Gente esquecendo uns certos cansaços...
A natureza despindo-se em quanto deve,
Chuvas saciando uma terra demais seca,
Ao qual raro animal que a sair se atreve,
Enquanto o homem sonha vindouro dia,
Talvez que perdido a excessivas ilusões
E entre momentos de convidada soneca!...
A mais atrevida passarada vai saltitando,
Pelos campos, de ramo em ramo, piando,
Chapinhando num ou noutro dos charcos,
Alegres, transformando a vida num palco,
Entre penumbras da vegetação, em arcos,
Enquanto a noite se aproxima ao socalco!...
Ah, como é caprichoso tal tempo outonal,
Radiantes cores, ocres e de outras tantas,
Espalhadas na distância e demais divinal,
Folhas, dançando ao compasso do vento,
Ao toque de naturais acordes de plantas
E tentando acertar o mais frágil rebento!...
Assim me vou deixando ir, neste embalar,
Mirando as nuvens que me teimam levar,
Num observar semicerrado do meu olhar,
Ao que a tarde cai e a chuva reclama falar!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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QUEM SOU, NAQUILO QUE PENSO
Quem sou eu,
Se tal não fosse, sendo quem sou
E neste tanto de meu, que este encéfalo me deu?...
Seria, eu, quem tu és,
Fraco, ao que este Universo te doou,
Traçado em recta, num tanto de viés?...
Quem sou, naquilo que penso,
Se é que penso, pelo que esqueço?...
Ah, já não sei, nem nunca tenha sabido,
Tampouco venha a saber,
Tudo o que houve de perdido
E sem que o tempo me o sirva de beber!...
Quem sou, acordado, enquanto adormeço,
Pelo mais profundo e demais tenso,
Pensamento no que sou, olhando o firmamento,
De quem não sou, por lamento?!...
Quem sou eu, nesta diária interrogação,
Nocturna clara visão,
Por túneis da incerteza,
Numa tão escura clareza
E penumbras de confusão,
De luas e sóis, sem solução?...
Quem sou, fica a questão,
Ao que possam ser quem quiserem,
No vosso melhor e qual preferem,
Porém, sem que me interesse a resposta...
Sou quem sou e tal me basta,
Se filho de um deus, ou da besta,
Tão-pouco importe quem de mim gosta...
Assim sou eu, por peculiar sugestão!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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