Sabem, há certo nojo e que em mim se entranha, Contra a demais nojenta sociedade envolvente, Hipócrita, egoísta, vendendo bíblias de patranha, Mas nenhum equiparado livro de quão decente!...
Era bom que tivessem um delicado entendimento, Deixando-se de lamúrias, em criticas incendiadas, Fazendo do peito tambor, a tão falso sentimento, Em mascaradas virtudes, por palcos de palhaçadas!...
Sabem, conheço os vossos traços de tão escárnio, Humildades do mais podre e pelos piores esgotos, Sorrisos encobertos, cinzentas nuvens de invernio...
E, assim, sinto nojo, naqueles vómitos arrepiantes, Ouvir-vos e descodificando tal falsidade de rostos, Nos quais se disfarçam, como tantos comediantes!...
Ah, este mundo, no qual a razão é estéril, Terra áspera e bravia, sem menor solução, De gentes secas, vazadas de sentimento, Bebendo do que resta, em tamanha ilusão, Numa mão o ódio, pela outra o projéctil, Fechando os olhos a qualquer sofrimento!... Universo mesquinho este, sem volta a dar, Num seu mais profundo contorcionismo, Não de sua vontade, mas dos seus filhos E cujos a si próprios se teimam enganar, Por todo e quanto surreal malabarismo, Falsas corridas e tropeçando nos atilhos!... Ah, pobre Terra, tu que nos viste nascer, Que será feito de ti, por tempo vindouro, Num caminho das trevas, espaço a arder, Lanças, canhões, pelo que armas são ouro, A que nada mais interesse, senão ganância, Enquanto luz, paixão, são mera ignorância!?... Rios, oceanos, montes e vales, belas serras, Tudo se tornou abstracto e sem um sentido, Pelas mais diversas rotas dominam as feras, Sequer importe tal rancor por desmedido, Se esquecem os mais velhos amigos, irmãos E nos seus problemas cada um lava as mãos!... Ah, pedaço de chão, em teu cosmos perdido, À espera desse profético e repentino apagão, Em que nem o vento soprará, de tão vencido E cada qual manipulando as tábuas do caixão, Chorando por leite derramado, na despedida, Pagando a factura da sua longa conta pedida!...