Liberdade!... Ah, se soubesses o que é liberdade!?... Se tal definisses, não te deixarias enrolar!... Liberdade, é, meramente, seres tu, igual a ti próprio!... Liberdade, é pensares por teu pensamento!... Ah, se soubesses intentar o que deverias ser, A tal doçura amarga de seres quem não ousas, Pois que ambíguos interesses falam mais alto E assim, pela maior oferta, te preferes vender!... Liberdade!... O escutar e defender a verdade, O escolher do mais difícil atalho a escalar!... Ah, quando descodificares o que tens de impróprio, Em quanto defendes o mais indecoroso argumento!... Bem-hajam, todos aqueles que outros não ousam esquecer, Mesmo que em erro, porém, em convicções de suas asas!... Bem-aventurados, quem por destino não escolhe só o asfalto, Procurando montes e vales, em cumes que se hão-de estender!...
Pobres sociedades, figuras de barro, Às mãos e moldes, de certos artífices, Rodadas de quebradiça argila e sarro, Negócio num mercado de aldrabices!...
Reluzem, numas quantas pinceladas, Do mais reles verniz e infame oficina, Numa qualquer direcção e mal dadas, Reflectindo o que outrem nele opina!...
São as sociedades às quais chegámos E cujo pensar dá demasiado trabalho, Ao que os espertos pensam por elas...
Sem que interesse a altura da ravina, Mas pensar levaria a peculiar atalho, Perdidos ao que a cabeça se destina!...
Apraz-me dominar as curvas, Acelerar, lambendo as rectas, Entrar pelos entroncamentos, Deslizar por entre uns montes, Sentindo líquidos escorrentes, Ventos gemendo pelas metas, Por tais loucos desassossegos, Entre luzes e noites tão turvas... Perco-me, em tais acelerações, Esgotando reservas que restam, Duvidando se não serão ilusões, Ou se as carnes a tais se prestam... Adoro estes jogos de tal deslize, Seja de aceleração, ou de calma, As curvas, rectas, ou os outeiros, Contornos que um corpo realize, Ateando o que nos resta da alma... Prezo-me, entre Sol e aguaceiros, De quantas voltas e tanto prazer, Seguindo a estrada até mais ver!...
I'm pleased to dominate the curves, Speed up, licking the straights, Enter through the junctions, Slide through a few hills, Feeling liquid spills, Winds groaning for the targets, By such mad restlessness, Between lights and such murky nights... I lose myself, in such accelerations, Running out of reserves that are left, Doubting that they won't be illusions, Or if the meats to such lend themselves... I love these games of such a slip, Whether it's acceleration, or calm, The curves, straights, or the hilllets, Contours that a body performs, Atthe end of what's left of our souls... I value myself, between sun and downpours, How many laps and so much pleasure, Following the road until more!...
Há quem prefira riqueza na vida E não a riqueza da vida... Eu prefiro a vida no intenso, Em quanta pressa da vida, Sem pensar nela só na despedida!... Prefiro escolher a vida bem sentida, Em toda a riqueza, tanto nas voltas, como na ida, Livre, qual animal selvagem, Tanto no andar, como naquilo que penso, Olhando o infinito da paisagem, Na pura e simples coragem, Sem reconhecer o fim da viagem!... Há quem prefira emolduradas riquezas, Afogado em ódios, ganâncias e tristezas... Prefiro a vida na sua maior riqueza, No supremo esplendor da Natureza E não passando ao lado, como miragem... Vivo a vida, pura e simplesmente, Em todo o possível e procurando a ausente... Agarro-a, sem que lhe preste vassalagem!...