Caso me perguntem se darei a outra face, Direi que não quero ser esse crucificado!... Quem com ferros mata, por ferros morre E não embarcando noutro ridículo enlace, Tampouco querendo ser qual idolatrado, Pela filosofia doentia e cuja por aí corre!...
Ai, de quem me molestar o rosto que seja, Portanto, nem deste corpo pretendo falar!... Seguindo o lema, cá se fazem, cá se pagam E o juro terá que ser dum valor que se veja E ai de um qualquer, cujo tente não alinhar, Pois a vida não pertence aos que se negam!...
Nunca embarcarei em tamanhas hipocrisias, Aquelas, cujas falsidades nos tentam vender, Feitos santos e talhados de madeiras podres... Putrefacta filosofia, levando-nos a fantasias, Na cegueira de uns vícios, pra nos convencer Que no mundo só moram santos e não odres!...
Ser poeta, por vezes, é variar palavras agrestes, noutras suaves e meigas... É, nalgumas outras tantas, saber ser severo na agressão, Escolher as frases certas, para que seja áspero na expressão, Sem o menor medo a consequente crítica e a quantas opiniões de intrigas!...
Ser poeta, é falar pelos demais e que não ousam exprimir a razão... Por todos aqueles que preferem esconder a cabeça na areia, Sem qualquer possível cura e por mais que robusta a panaceia, É servir-se da acidez, ou da ternura, elevando juízos de ilusão!...
Ser poeta, é executar passeios por transcendente dimensão... É preciso esperar, observar em quantos ângulos existentes, Descodificar à sua volta, desmascarar rostos intermitentes!...
Ser poeta, é fazer de pisca em rotas da mais variada confusão... Ser guia, mesmo que não mestre, talvez que somente aprendiz, Porém, sabendo utilizar os sentidos, ouvir o que o mundo lhe diz!...