A vida, não é mais que um comboio, Composta por carruagens, Com destino em linhas rectas, No meio de quantas paisagens... Enquanto uns dormem, outros sonham, Nem que seja um sonho saloio, Na desobediência que lhes imponham, Por entre paragens mais despertas!... Talvez que viagem sem horizonte, Por desertos do infinito, Tentando encontrar qualquer fonte, Descodificando um tanto mito, Aquele que nos deixa apeados, Por distâncias de malfadados!... A vida é fumaça, destilada do carvão, Impulsos modernos de energia, Solavancos de confusão, Em poemas de orgia... Fodas, punhetas, sem sentido, Por tudo o não conseguido!... A vida, é viagem filha da puta, É desespero, miragem... e luta!...
A alcateia ataca o gado E quem pretende comer, Com os olhos num desgraçado E que há muito anda a sofrer!... É tamanho o grupo de lobos, Metendo medo aos cordeiros, Pobres, infelizes e bobos, Alcunhados de arruaceiros... Lutando pela sobrevivência, No destino de tão marcados, Vivendo a eterna paciência, Para a qual foram prendados!... Mas a fome marca a hora, Seja para comer, ou ser comido, Ambos caminham campo fora, Num pensamento medido... As feras uivam nos campos, Que conhecem de ginjeira, Não olhando a quaisquer prantos E atacando à maneira!... Põem as presas à mostra, As garras em posição, Escolhendo quem melhor se prostra E na mais reles condição... Os lobos andam à solta, Vestidos com pele de cordeiro, Andando muitos à minha volta, Pela noite e dia inteiro!... Pobre da carne, por sustento, Engordando tamanha seita, Que por este prado rebento, Nesta revolta há muito feita!...