Agarro-me às garras de um pássaro, Querendo ser arrastado para longe, De viés a lugares, em quais não paro, Num tanto deste espaço estar farto E mais saturado da figura de monge... Sufoca-me ser alimentação de ácaro, Hospedeiro a bichos de reles parto, A que meu convento se tornou caro!... Tenho esperança de passar pro além, Ultrapassando montanhas e oceanos, Pelo longínquo daquilo que observo, Ser livre, fora de um grupo tão servo, Pensando-se algo e embora ninguém, Achando-se juízes e por tais enganos!... Sinto-me o viajante de qual passarola, Sobrevoando quantos assim o tentam, Sem unhas, tão-pouco as aves para tal, Pelo que a passagem da vida é esmola, Enfartados nesse tédio que sustentam E encharcados num idêntico tal e qual!... Atraco-me, assim, com unhas e dentes E agradecido à ave que longe me leve, Em fuga a quantas mentes dormentes E desta prisão, cuja já pouco me serve!...
Não me preocupam as cicatrizes de quando caio, No entanto, preocupam-me as mazelas da vida, Essas, de maior poder e pelas quais desmaio, Aquelas que deixam rastos de tamanha ferida!...
Sei haver estigmas, dos quais me curo, Outros, dos quais nunca me liberto, Havendo crostas, que são do mais duro, Enquanto outras, cujas em cura me desperto!...
Há escoriações e que deixam marca, Outras que se encerram em qualquer arca, Deitando-se o chavelho ao desconhecido...
Cada cicatriz segue o destino merecido, Libertando-nos da mais ilusória dor E cuja, no momento certo, teve o seu esplendor!...
Se tenho razão, ou não!?... Pouco, ou nada, me importa!... Não quero que tal me dêem, Tão-pouco que alguma tirem, Entro na razão à minha porta, Não naquela que outros vêem... Quantos não entrarem que se pirem!... Questiono qualquer, cujo a terá... Quem a tem, ou qual a vende?... Havendo sempre um senão, Perante tamanha confusão, Se na razão que cada acende, Ou naquele de quem será!... Para mim, tal nasceu comigo, No ventre que me deu ao mundo, Alimentada pelo umbigo E no meu querer profundo, Este único e muito peculiar E sem que o queira mudar, Dono deste meu nobre ser, Sem que me deixe adormecer, Por razões de fantasias, Em desembarque de acrobacias!... Assim, fiquem na vossa razão, Que na minha razão eu fico, Em calças nas quais me estico!...
Seguindo um qualquer caminho, Não andes à minha frente, Pois posso não te querer seguir, Tampouco sigas atrás de mim, Pelo que posso andar perdido, Segue, sim, ao meu lado, Como companheiro da viagem... Porém, nunca sejas feroz, Numa compra de miragem, Àquilo de que não sou dono E, assim, não te posso vender, Terras, rios, montanhas, ribeiros, Todas as árvores mais frondosas, Até os mais simples pinheiros, A água das fontes, a correr, A sombra das rochas, que me dão sono, A sinfonia das cascatas, melodiosas, Correndo, em turbilhão, até à foz, Por entre margens a sorrir E eu para aqui ficando assim, Neste Universo que não é meu E sabendo que não é teu, Na maior certeza de ser nosso... E, acordando de repente, Num mundo abandonado, Rocha, num cosmos esquecido, Eu, cada vez mais sozinho, Sigo uma viagem de tal remorso!... Faço vénias, a intelectos nativos, A tribos e caciques esquecidos, De qual continente além-mar, Cujos cavalgam neste pensar!...