Encanto-me nas gotas desta chuva, Bebo-as, como se néctar de um jardim, Afago-as, com o extremo da língua, Na suavidade merecida, Deslizando, suavemente, qual curva, Com rectas esperando por mim, Sem que quilómetros sejam míngua E desfrutando da minha vida!...
Escorrem-me, pelo rosto disfarçado, Descendo-me pelas costas abaixo, Deliciando-me o quente do corpo E nos deleites deste mundo... Percorro os cantos do meu Eldorado, Por invejas em que não me encaixo, Pelas planícies de qualquer campo E num maior amor profundo!...
Ah, que tamanha frescura!... Delícias inconfundíveis, Alimento, panaceia para o espírito, Em quantas desgraças do Universo... Vou desfrutar, enquanto dura, Por entre quantos impossíveis, Esquecendo tudo aquilo de maldito, Neste pântano demais controverso!...
Nem sempre as palavras se exprimem, Nem conseguem um valor a transmitir... Pelos pensamentos, que não definem, Na deriva e sem saberem para onde ir!...
Quantas as vezes, em mais que muitas, Me deixam enforcado no pensamento E quantas, sem sequer das mais afoitas, Mas suficientes, no pior afrontamento!...
Talvez que os enredos sejam demasiado, Argumentos e tão expressos de decisões, Passaporte a quem listem de mal-amado...
Desobedientes às carícias pelos ombros, Às facadas aprontadas pelas articulações E a quantos nos lançam pelos escombros!...