Chegaram... Três, seis, cinco E numa meia dúzia de horas, Guarnecidas por certo zinco E tempo que já não decoras!... Os ponteiros acertam a dança, Mesmo que na falta de corda, Dando horas, pela lembrança, Calcando quem mais discorda... Tic-tac, tic-tac... e ritmo certo, O qual não se consegue parar E por mais desacertos na vida... Nos acertos do tanto esperto, Por mais que se anda a gabar, Da hora, mas não conseguida!...
Sigo, nesta minha viagem, Ao longo da marginal E um quanto à margem, Por um cinzento infernal... Em pensamentos de ponto-morto, Quantas falhas da embraiagem E num equilíbrio um quanto torto, Por certo caminho selvagem... Por estradas um tanto negras, Outras poeirentas que baste, Por sinais e duvidosas regras, Da vida e bandeira de sacudida haste!... Acelero e abrando, Num pensamento constante, Naquele limite a que vou chegando E em estações que nada me espante... Abrando, precisando de abastecer, Por depósito um quanto vazio, Em quilómetros de vida, a não esquecer E outros tantos a que me esvazio... Paro, à beira de chegada estação, Naquela em que abasteço, Sentindo a terrível sensação, Desse algo e cujo não mereço!... Pago e entro pela estrada, Aquela de procurados caminhos E talvez não me levando a nada, Aquela de quantos, como eu e sozinhos... Acelero, esquecendo-me do vermelho, Tampouco de qualquer amarelo, Num verde e meu peculiar conselho, Nalgum raciocínio tornado gelo... Aquele em que já pouco interessa, Quase numa viagem de um final E em que o juízo não se confessa, Em aceleração um tanto banal!... Resta-me a música que vou ouvindo, Observando tudo à minha volta, Perspicaz, no quanto me vai surgindo E pelo trânsito que me faz escolta, Debaixo de chuva e trovoadas, Intempéries e quanto lamaçal oral, Em quantas acelerações descuidadas E por entre trepidações no temporal... Porém e assim, lá vou continuando, Em certas e gélidas gotas pelo rosto, Não sei se um tanto as merecendo, Até ao parque em que me encosto... E sigo, enquanto tal for possível, Sem que saiba onde terminar, Pelo que, o mais concebível, Será saber quando e onde estacionar!...
Por favor, deixa-me ir, Ao teu encontro partir, Procurar a paz no teu espaço, Aconchegar-me num abraço... Deitar-me sobre a tua pele, Mesmo que tanto a noite gele, Receber desse corpo o teu calor E criar odes de amor... Esta noite, quero encontrar-te, Partir e, qual doce, saborear-te, Acompanhado de quentes fluidos... Sentir os minutos esquecidos, No tempo das horas passadas E por tais loucuras encontradas!...
Que interessa sonhar, Quando os sonhos são comprados?... Que interessa caminhar, Por caminhos mais que usados?... Que interessa tanto falar, Quando ninguém ousa escutar... Quando o mundo se nega a rolar, Já num mínimo para desfrutar?... Que interessa, sim, que interessa, Se já ninguém quer saber!?... Que diferença, caso ninguém mereça?... Que distinção, quando ninguém se confessa, Se não há quem me venha beber, Por mais que da melhor água eu ofereça?...
Sigo a Estrela deste meu Natal, Pela anunciada luz do pantanal, Procurando um tal silêncio, paz, Num Universo de brilho incapaz... Olho o Céu, nas cinzas das trevas E questiono por onde me levas, Tu, menino, a anunciada salvação, Numa purga a males de bajulação... Percorro esse longo firmamento, Pelo qual deslizas, em aceleração E afogo-me por mares da emoção... Em ondulações de vasto sofrimento, De quantos iluminas, em promessas, Nesta quadra e perpétuas conversas!...
É tão lubrificante ser-se obediente!... Lamber a mão governamental, do Presidente, Qual hierarquia e sem questionar a razão, Seja quem for e mesmo que na confusão!... Idolatrar o general, a fasquia a almirante, Cujos, em encenações, iludem certa gente, Pornográficas lábias, em sabidos argumentos, Naquele filme de ignorantes e jumentos!... A ordem da democracia está no obedecer, Sem sequer ripostar, tampouco argumentar, Havendo que não pensar, mas vénias prestar!... Nesse reles guião e sem mesmo o perceber, É tão lascivo acarneirar, tal pejo carregar E um quanto prazer de liberdade renegar!...
Sangram os raios solares, Pendem as lágrimas da Lua, Sufocam todos os mares, Desta Terra, quase nua!... Fendem-se as rochas, Abre-se a terra, As temperaturas tornam-se tochas E serve-se à mesa uma nova guerra!... Aconchegam-se os animais, No medo às trevas dos humanos, Desorientam-se os pontos cardeais!... A fome reina a obediência, Os pensamentos são profanos E as fossas atulham-se de sapiência!...
Digo... não! Não, a tudo o que não me agrada!... Tenho, por verdade, a minha espada, Nascente da minha razão!... Sigo o leito deste meu rio, Não me banho em águas de merda, Sejam elas de Direita, ou de Esquerda, Seguindo, em frente, este meu desafio!... Nas margens, escolho as areias, Cujas não me arranhem os olhos, Limpas, sem quaisquer teias... Fartei-me das picadas de aranhas, Dos monstros, pelos meus sonhos, Verdades, em quantas patranhas!...